Conta a história que Xangô foi quarto rei de Oió. Ficou órfão de mãe muito cedo. Seu pai havia sido o primeiro Rei. Logo depois veio o seu irmão, porém seu reinado foi mal sucedido. Após isso, o tutor de Xangô foi quem assumiu o trono, se tornando o terceiro Rei. Ele era um governante impiedoso, não gostava de crianças, era injusto e tinha péssimos planos para Oió. O povo implorava para que ele fosse destronado ou que largasse esse posto, foi aí que Xangô tomou o trono e se tornou o quarto Rei. Todos comemoravam e pulavam de alegria. Xangô foi um Rei justíssimo, de caráter ímpar, tinha ótimos projetos para a sociedade, era muito elogiado por todos os cidadãos e, apesar de ser muito sério e carrancudo, ele era um ser muito bondoso. Xangô teve várias divindades como esposas, as mais conhecidas são: Iansã, Oxum e Obá.
Xangô é o orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento, justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de xangô.
Lenda
Xangô é condenado por Oxalá comer como os escravos
Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade. Oxalá era velho e lento, Por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio. Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio. E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela. Era Oiá! Era o amalá do rei que ela preparava!
Xangô não resistiu à tamanha tentação. Oiá e amalá! Era demais para a sua gulodice, depois de tanto tempo pela estrada. Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas. Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.
Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos. Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá. Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu. Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô. Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida.
Nunca mais pode Xangô comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Xangô comer em alguidar de cerâmica. Xangô só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado e como comem os escravos.
Xangô traz nas mãos o Oxé, machado de dois lados representando o peso igual nos julgamentos. Traz também o xerém, espécie de chocalho usado para despertar a ira dos raios e das trovoadas.
Comidas – Em almas e Angola, entregamos polenta, carne de peito assada na panela com dendê e amalá bem batido enfeitado de belos quiabos.
Bebida- Cerveja Preta, Aluá de milho e gengibre e vinho de palma
Fruta – Em Almas e Angola entregamos maçã verde, no candomblé Melancia, Manga e Melão
Dia Votivo – Quarta-feira
Cor – Vermelho, Branco, Marrom, Rajados de Vermelho e Branco.
Pedra – Olho de Tigre
Reino – Montanhas e cachoeiras
Ervas – Romã, Arruda, Alfavaca, Manjericão Roxo, Capim Cidreira, Quebra Demanda, Urucum, Comigo ninguém pode, Laranjeira, Manjerona.
Ferramentas – Oxê, Machado de duas laminas, Xerê instrumento musical.
Elemento – Fogo e Ar.
Saudação – Kawó-Kabiyesilé", também escrita "Caô Cabiecilê". "Salve o rei da Terra".
Sincretismo – São Jerônimo, São Pedro, São João Batista.
Arquétipo.
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é quase sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado. Há também os magros e muito elegantes. Em menor numero
Com forte dose de energia e auto estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objetos de sua vaidade.
São amantes vigorosos, elegantes, sedutores, e não se fazem de rogado na hora da conquista. Mas sempre usando a sensibilidade e o tato para conduzir os affairs.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marcar de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.